Tudo que tenho é o
dom de sentir, de desaparecer do mundo e encontrar-me comigo próprio no jardim
de éden, sentir mil coisas de mil e uma maneiras diferentes. Apenas com a esperança
de acordar de um sono, e com a esperança permaneço num mundo isolado onde
castelos e abismos permanecem lado a lado como memória de um tempo diferente.
O azul da esperança
governa a minha vida mas sem a força do verde da vontade o meu azul permanece
calmo e sereno junto ao rio sem nunca lhe tocar.
Minha mãe é este
verde e o rio se curva-se perante ela, é uma força da natureza preparada para
lutar mesmo que a maré se volte contra ela. Enquanto eu penso no culminar ela
constrói a estrada para eu viver afastando o doce encanto da gondola do
barqueiro.
Antes contava com
outros para me ligar ao vosso mundo, hoje vagueio… observando, apenas com o
verde de minha mãe como escudo mas sinto nela o amarelo do medo por me ver tao
encerrado no azul e no meu talento.
Tomara eu ser
talentoso como esses semideuses ser conhecedor de números e de letras e banhar
me nas aguas do sucesso! Mas apenas posso ter esperança que quando avance o muro
não seja demasiado alto.
Anseio pelo rosa, mas
este nada me traz se não dor e deceção, onde antes cantei odes carregadas de
elogios hoje carrego lamúrias. Pois não existe alguém que compreenda o que é
desejar e abandonar por medo.